domingo, 2 de dezembro de 2007

1º dia

Não tomei meu remédio hoje. Dizem que isso é sinal de melhora, a não ser, claro, quando se trata de remédios para falta me memória. Apesar disso não tive nenhum surto enquanto andava pela rua, me sinto estranhamente bem. Vi pessoas. Elas também me observaram. Mais um, diziam suas consciencias que se limitavam a me descreverem para si mesmas como um cara um tanto esquisito que usa all-star de cano alto com meias pretas. De minha parte também penso: mais um estranho que passa por mim. Andei um bocado para fazer compras, vi um guarda cuidando de um posto de gasolina abandonado. Pareceu-me meio triste, não o guarda mas sua condição. Ele conversava com alguém que estava do lado de fora das grades. Isso me soa muito expressivo agora, como se aquela fosse sua prisão. Sempre achei essa profissão idiota, na verdade não a considero como tal. Profissão para mim é algo que escolhemos, não conheci até hoje alguém que adora ser guarda-noturno ou vigilante de banco. Meu pai fez isso a vida toda, deve ser por isso que se aposentou cedo. Acho esse trabalho estúpido por vários motivos:
1º: sempre se cuida de algo que não é seu;
2º: nunca pode-se se destrair, no máximo ouvir rádio e olhe lá.
3º: fica-se quase sempre sozinho, em companhia dos próprios pensamentos.

O senso de utilidade diz que tudo deve servir para alguma coisa, pois bem, a lição disso tudo talvez seja a de que sofremos porque pensamos demais às vezes, pelo menos esse é meu caso. Depois de olhar os estranhos na rua, o guarda do posto de gasolina abandonado e também a mim mesmo, pensei "isso é tudo, cara, não precisa ser melodramático" e ainda tentei ser didático "cada um vive sua vida, um dia de cada vez". Convenci-me que esta seria uma boa conclusão para aquilo e dei o dia por terminado. Pensando bem todos os dias da vida são o primeiro, já que os outros são irrecuperáveis. Lembrando de uma frase de Lester Burnham, personagem de Kevin Spacey em Beleza Americana, ele diz algo como "sabe aqueles anúncios que dizem que hoje é o primeiro dia do resto de nossas vidas? Isso vale para todos os dias, menos para o dia de nossa morte".
Carpe diem, folks!

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Observação irrelevante do dia

Crescemos para nos tornarmos adultos, essa é a grande promessa da infância. E envelhecemos para nos empedernir. Esse processo de desumanização é silencioso e começa muito cedo. O mundo conspira para nos insensibilizar, a secura da vida existe para nos convencer que ela é imperativa. Para os céticos, pessimista e afins que nunca encontraram um adequado sentido à vida, eis um: vive-se para se afundar na letargia de quem já não tem lágrimas, para tornar-se ferino. Depois disso, e acontece como quase todos, adquire-se um sorriso dolorido, maculado. A mascara que é usada como rosto só fala com suas marcas de experiências más. E os olhos, que cansados de ver se limitam a olhar, não param de dizer numa tristeza cansada e contida: "as coisas são assim".

domingo, 25 de novembro de 2007

Pequena estória piegas sobre as coisas

Às vezes, quando as coisas perdem o motivo de existirem, me esmigalho, e assim, quebrado em tantas partes, quase desapareço. Chego a pensar que somos assim, um só, por exigência do Sentido (aquele traço inperscrutável embutido em tudo o que há, quando se olha por muito tempo e de muito perto), e todos os pedaços se concetram nesse fim, para que nos tornemos algo. Caso contrario não teriamos fim nem contorno e seriamos confundidos com o vento, diluidos na chuva, espalhados por ai. Por isso sempre quero me perder. Sendo pó, rocha ou rio seria um nao existir, porque só existe o que morre. As vezes, quando nao se pode amar, é melhor nao existir. É mais justo com as coisas, que, por serem eternas, perdem o direito de ser, ou seja, de existrem o tempo todo, mesmo quando não se olha para elas. Talvez seja isso: talvez elas só existam às vezes porque são incapazes de amar. Por outro lado eu, portador dessa dávida inútil, não existo para mais ninguém, e escrevo apenas para me certificar que ainda estou aqui.

Teste

Teste. Toc toc. É, parece que agora minha cabeça está funcionando. Ainda que precariamente mas está, o que não me espanta. Minhas pretenções à escritor continuam as mesmas: nulas. Senão isso, então resumidas a este blog. Não podendo exigir muito da minha mente, como já explicado acima, demorei uma semana tentando achar um nome interessante para ele. O resultado não posso chamar de êxito, mas me satisfez razoavelmente. Pedante, longo de mais, incompreensível. Seja lá o que for que venham a pensar sobre o nome que escolhi eu já me antecipei a vocês e, depois de hesitar tanto, querem saber o que acho disso tudo? Dane-se! Se gostarem, leiam, se não, não leiam, simples assim. Até mais.

Ps.: posts metalingüisticos são sinais de falta de assunto, o que deve ser recorrente por aqui...